Dicionário de Vimaranenses

De Mumadona a Santos Simões: vidas que contam.

Há vidas que, pela sua dimensão, se confundem com a própria história da cidade e do país. Nesta secção, apresentamos estudos biográficos aprofundados sobre os grandes vultos de Guimarães. Da fundadora Mumadona Dias ao primeiro rei, passando pelo génio de Martins Sarmento, a erudição de Alberto Sampaio, a coragem de Emídio Guerreiro e Virgínia Moura, ou a capacidade transformadora de Santos Simões. Retratos documentados que procuram desconstruir mitos e revelar o homem e a mulher por trás da figura histórica.

Para compreender os grandes (e os pequenos) processos históricos, é preciso conhecer os seus protagonistas. Esta secção, em permanente construção, reúne ensaios biográficos sobre as personalidades incontornáveis de Guimarães. Longe da hagiografia fácil, procuramos o rigor dos factos para traçar o perfil de quem decisivamente marcou o seu tempo.

Aqui se destacam os vultos da história vimaranense. Recuamos à génese com Mumadona Dias e Afonso Henriques, figuras tutelares que são analisadas à luz da documentação medieval e não apenas da lenda. Viajamos pelos descobrimentos e guerras com militares como Salvador Ribeiro de Sousa, pela poesia satírica de António Lobo de Carvalho, pelas façanhas do Papa-Açúcar.

O século XIX e XX merecem destaque especial, com a geração de ouro da cultura vimaranense: como o arqueólogo Martins Sarmento e o historiador Alberto Sampaio, cujas vidas e obra intelectual são aqui dissecadas. Mas também há espaço para a intervenção cívica e política, recordando figuras como Santos Simões e outros que, como ele, lutaram por um país livre, como Emídio Guerreiro e Virgínia Moura.

Cada biografia é uma janela para a época em que o biografado viveu. Ao narrar a vida de Catarina Micaela de Lencastre ou de Tadeu Luís Carvalho e Camões, estamos também a narrar a história social, política e cultural de Guimarães.

Vidas daqui:
Biografias, feitos e factos

Dicionário de Vimaranenses

Há um fio que vai de Mumadona Dias, a fundadora da cidade, a Afonso Henriques, filho de Teresa e Henrique, o fundador do país; de Agostinho Barbosa a Raul Brandão, gigantes das nossas letras; de Martins Sarmento a Alberto Sampaio, o Abade de Tagilde ou João de Meira, escavadores de ruínas arqueológicos e de arquivos históricos, de ALberto Sampaio a Santos Simões. Todos são vimaranenses. Os que aqui nasceram, os que foram adoptados pela cidade, os que adoptaram Guimarães, os que por aqui passaram e deixaram marcas.

Aqui se fala dos vimaranenses, como um todo, e de vimaranenses que deixaram marcas nas pedras da memória de Guimarães.

Este é um dicionário em construção permanente.

mumadona dias

Condessa portucalense, senhora de gran poder e fortuna, fundadora do mosteiro e do castelo de Guimarães, cuja ação preparou, sem o saber, o cenário do futuro berço da nacionalidade.

conde d. henrique

Nobre borgonhês, auxiliou rei Afonso VI de Leão a conquistar o Reino da Galiza e casou com a sua Filha, D. Teresa, ficando a governar Portucale, senhor de Guimarães e de Coimbra, pai de Afonso Henriques e peça decisiva na gestação do futuro reino de Portugal.

Rainha d. teresa

Filha de Afonso VI, condessa e rainha de Portugal antes de Portugal, governou a partir de Guimarães e enfrentou, em S. Mamede, o próprio filho, Afonso Henriques

d. afonso henriques

Filho de D. Teresa e de D. Henrique, criado entre Guimarães e Coimbra, vencedor da Batalha de S. Mamede, o príncipe guerreiro que transformou o condado em reino e ficou na memória como fundador de Portugal.

SAlvador ribeiro de sousa

Aventureiro de Ronfe, soldado da Índia e herói das crónicas de Pegu (depois Birmânia, hoje Myanmar), onde terá sido feito Rei a meio caminho entre história e lenda, conhecido como o “rei que recusou o reino” no Oriente.

agostinho barbosa

Jurista e eclesiástico vimaranense, canonista de fama europeia, autor de uma vasta obra de direito canónico que circularam por universidades e tribunais de toda a cristandade.

torcato peixoto de azevedo

Sacerdote e genealogista, autor das Memórias ressuscitadas da antiga Guimarães, obra-chave para a descoberta da história de Guimarães .

tadeu luís carvalho e camões

Fidalgo erudito e extravagante, fundador da Academia Vimaranense e construtor do Palácio Vila Flor, conhecido pelas suas encenações festivas e pelos saraus aque animavam a sociedade e a vida cultural setecentista.

antónio lobo de carvalho

Poeta satírico setecentista, de verve afiada e gosto pela caricatura moral, inimigo figadal do Marquês de Pombal, que deixou epigramas e versos maliciosos na memória literária de Guimarães e da Corte.

catarina micaela lencastre

Nobre e poeta, viscondessa de Balsemão, uma das raras vozes femininas da poesia portuguesa setecentista, que escreveu entre devoção e galanteria, com laços à casa de de Vila Pouca, em Guimarães, onde nasceu.

auguste roquemont

Pintor romântico suíço-português que viveu em Guimarães e transpôs para a tela tela o Carmo, a Oliveira, a Varanda de Frei Jerónimo, no mosteiro da Costa, criando algumas das imagens mais duradouras da Guimarães oitocentista.

camilo castelo branco

Romancista maior do século XIX, vizinho de Seide, que introduziu Guimarães, a Citânia de Briteiros, Sarmento e o “berço” de Afonso Henriques na grande novela da literatura portuguesa.

francisco martins sarmento

Formado em Direito, rico e de grande cultura e vontade de conhecer, preferiu a arqueologia à advocacia, desenterrou a Citânia de Briteiros e fez da Sociedade Martins Sarmento o coração científico e cultural da Guimarães moderna..

albano belino

Autodidata vindo para Guimarães como caixeiro, tornou-se arqueólogo, epigrafista, etnógrafo e jornalista; fundou o museu de S. Francisco e foi um dos primeiros grandes defensores do património bracarense e vimaranense.

alberto sampaio

Historiador e pensador ruralista, que leu nos campos e nos vínculos minhotos as raízes económicas de Portugal e ajudou a reinventar, em livros, a paisagem do Entre-Douro-e-Minho medieval. Alma mater de Exposição Industrial de Guimarães de 1884.

abade de tagilde

Sacerdote, historiador e político, figura da Sociedade Martins Sarmento presidente da Câmara, que percorreu arquivos e freguesias para fixar em papel a memória erudita de Guimarães e do seu termo.

joaquim josé de meira

Médico-cirurgião de grande reputação, presidente de Câmara e dirigente associativo, professor e primeiro director da Escola Industrial Francisco de Holanda, que aliou clínica, política e serviço público na viragem oitocentista de Guimarães.

avelino da silva guimarães

Advogado vimaranense, fundador da Sociedade Martins Sarmento e principal agitador da instrução popular, que sonhou a Escola Industrial Francisco de Holanda, o Liceu Martins Sarmento e um museu e biblioteca ao serviço da cidade.

conde de margaride

Luís Cardoso Martins da Costa de Macedo, grande proprietário, político, Par do Reino e 1.º conde de Margaride, fidalgo do Minho e da Corte que fez de Guimarães o centro da sua ação política e beneficência.

capitão Luís de Pina Guimarães

Oficial do Exército, urbanista e artista, autor do primeiro grande plano moderno da cidade e do desenho egiptizante do lendário Café Oriental, no Toural.

joão franco castelo branco

Jurista e político regenerador que foi deputado por Guimarães, eleito para sucessivos mandatos, mistro, chefe do Governo de D. Carlos, ditador, figura central das últimas crises da monarquia constitucional.

Bernardo Dinis, o Papa Açúcar

Chamava-se Bernardo José Dinis, mas ninguém o conhecia por esse nome. Na segunda metade do século XIX, era simplesmente o Papa-Açúcar — figura que causava tanto medo, como fascínio

joão lopes de faria

Organista da Colegiada, paciente decifrador e trasladador de pergaminhos e papéis velhos, autodidacta, autor das monumentais Velharias e Efemérides VImaranenses, o homem a quem chamaram, com justiça, “dicionário de Guimarães”.

raul brandão

Escritor maior da modernidade portuguesa, autor de Húmus e de A Farsa, que fez da Casa do Alto, em Nespereira, varanda privilegiada sobre o Minho e a condição humana.

abel cardoso

Pintor vimaranense formado em Paris, discípulo de Gérôme, paisagista e retratista, alino, professor e director da Escola Industrial Francisco de Holanda, autor dos nichos pintados da Sociedade Martins Sarmento e de uma obra hoje em redescoberta.

joão de meira

Médico brilhante, professor de medicina, historiador precoce, autor de peças clássicas da historiografia vimaranense, escritor talentoso, jornalista, mestre dos pastiches literários e cronista atento da cidade.

alfredo guimarães

Escritor, etnógrafo, fundador e primeiro diretor do Museu Alberto Sampaio, que inventariou retábulos, alfaias e pedras e ajudou a salvar o património de Guimarães.

alfredo pimenta

Historiador combativo, primeiro radical republicano, depois monárquico e católico, diretor da Torre do Tombo e fundador do Arquivo Mucipal de Guimarães, que escreveu sem concessões sobre Portugal, a Idade Média e a história política contemporânea.

eduardo de almeida

Republicano, democrata, advogado e escritor vimaranense que fez da palavra – na literatura, no jornalismo nos tribunais, na política e na Sociedade Martins Sarmento – uma forma de combate cívico.

a. l. de carvalho

Historiador, etnógrafo do Minho e político, atento às falas, costumes, artes e festas populares, que fixou em livro uma Guimarães popular, feita de ruas, ofícios, romarias e “figuras” de antigamente.

alberto vieira braga

Autodidata, etnógrafo, arqueólogo e historiador vimaranense, autor de «De Guimarães: tradições e usanças populares» e das «Curiosidades de Guimarães», que fixou em livro a memória popular e cívica do concelho

mário cardoso

Militar e arqueólogo, presidente da Sociedade Martins Sarmento durante décadas, continuador do legado de Francisco Martins Sarmento nas escavações de Briteiros e na defesa da memória local.

joaquim novais teixeira

Jornalista, escritor e crítico de cinema, secretário de Manuel Azaña, Presidente da República espanhola, cidadão do Mundo, levou o nome de Guimarães a Madrid, ao Rio de Janeiro e a Paris, sempre proclamando a sua “pátria pequenina e sólida”.

emídio guerreiro

Professor de Matemática, democrata, exiladop político, combatente da Guerra Civil de Espanha e da resistência francesa ao nazismo, opositor de todas as ditaduras, que levou de Guimarães ao mundo uma ideia obstinada de liberdade.

virgínia moura

Engenheira civil e militante comunista, uma das grandes figuras femininas da resistência ao Estado Novo, filha de S. Martinho do Conde e referência na luta pelos direitos das mulheres.

SAntos SImões

Professor de Matemática, encenador, escritor, resistente antifascista e dinamizador cultural, que impulsionu Guimarães e da Sociedade Martins Sarmento enquanto laboratório de cidadania democrática

Vimaranenses nas Memórias de Araduca