D. Teresa
rainha-mãe


Condessa-rainha portucalense
Filha natural de Afonso VI de Leão e Castela e de Ximena Moniz, D. Teresa nasceu por volta de 1080–1086, em local incerto. Muito jovem, foi dada em casamento ao nobre borgonhês Henrique, irmão do duque da Borgonha, como peça da política de alianças do pai. Os primeiros anos do matrimónio passaram-se em Toledo; mais tarde, o casal instala-se em Guimarães, no Condado Portucalense que Afonso VI lhes concedera por título hereditário, fazendo do castelo e da vila o centro do novo poder.
Viúva desde 1112, Teresa não se limita a exercer uma simples regência pelo filho menor: assume o governo por direito próprio e começa a intitular-se “ego regina Taresia Portugalensium, filia regis Adefonsi” – “eu, rainha Teresa de Portugal, filha do rei Afonso”. Em 1116 o papa Pascoal II dirige-lhe uma bula tratando-a explicitamente como “rainha”, reconhecimento que consagra o seu projeto de soberania no ocidente peninsular. A sua chancelaria funciona como a de um pequeno reino: concede forais (como o de Ponte de Lima), repovoa e fortifica a região de Coimbra, resiste ao cerco almorávida à cidade em 1117 e conduz uma política externa própria, em permanente jogo de alianças e conflitos com Leão, Castela e a Galiza.
A aliança com a grande nobreza galega, selada pela relação com Fernão Peres de Trava, dá força ao seu projeto de um espaço galaico-português sob a sua coroa – mas acaba por alienar parte decisiva da nobreza portucalense, que se congrega em torno do jovem Afonso Henriques. Em 1128, às portas de Guimarães, as hostes de mãe e filho enfrentam-se na Batalha de São Mamede, a “primeira tarde portuguesa” da memória nacional: Teresa é derrotada e afastada do governo, abrindo caminho ao projeto que fará do condado um reino.
Os últimos anos passam-nos na Galiza, ligada ainda à casa de Trava. Morre a 11 de novembro de 1130, no mosteiro de Montederramo, em Ourense; mais tarde, os restos mortais serão trasladados para a Sé de Braga, para junto do conde D. Henrique. O seu projeto político fracassou, mas o governo firme que exerceu sobre Portucale – com chancelaria, política externa e exército próprios – foi etapa essencial para que a independência de Portugal se tornasse possível.


d. teresa, nota biográfica
Percurso
c. 1080–1086 – Nascimento de D. Teresa, filha ilegítima de Afonso VI de Leão e Castela e de Ximena Moniz
c. 1093–1095 – Casamento com Henrique de Borgonha; o casal recebe de Afonso VI o Condado Portucalense.
Inícios do séc. XII – Instala-se em Guimarães, no castelo e na vila que se tornam cabeça do condado.
1112 – Morte do conde D. Henrique em Astorga; Teresa assume o governo de Portucale.
1116 – Bula Fratrum Nostrum, do papa Pascoal II, reconhece-a como “rainha Teresa”.
1116–1117 – Invasão almorávida da região de Coimbra; saque de castelos próximos e cerco de Coimbra, que resiste com Teresa presente na cidade.
Década de 1110–1120 – Concede forais (entre eles, o de Ponte de Lima), reforça a fronteira do Mondego e aprofunda alianças com a nobreza galega, em particular com Fernão Peres de Trava.
1121 – Forçada por Afonso VII a reconhecer a vassalagem de Portugal a Leão, conservando, contudo, o título de rainha.
1127 – Afonso VII cerca Guimarães; Afonso Henriques presta-lhe homenagem, mas a tensão entre os dois projetos políticos mantém-se.
1128 (24 de junho) – Batalha de São Mamede, junto a Guimarães: Teresa e Fernão Peres de Trava são derrotados pelas forças de Afonso Henriques e dos barões portucalenses; a condessa-rainha perde o poder.
1128–1130 – Exílio na Galiza, associada ainda à casa de Trava; morte no mosteiro de Montederramo, Ourense, a 11 de novembro de 1130.
Época posterior – Trasladação dos restos mortais para a Sé de Braga, para junto do túmulo de D. Henrique, integrando o panteão “fundador” da monarquia portuguesa.






