Joaquim Novais Teixeira

de guimarães para o mundo

Jornalista, escritor, crítico de cinema

Joaquim Novais Teixeira nasceu na Rua da Rainha, em Guimarães, a 21 de abril de 1899. Sempre gostou de dizer que não era apenas português, mas de “uma pátria pequenina e sólida chamada Guimarães”, a pátria da infância, que nunca deixou de reclamar em voz alta por onde passou. Ali estudou e concluiu o curso dos liceus, fundando desde muito novo pequenos jornais efémeros, onde já se adivinhavam o gosto da intervenção cívica e a facilidade de escrita. Em 1916 muda-se para o Porto, frequenta o Instituto Industrial e Comercial, funda o jornal literário A Luz e publica, aos 17 anos, o livro de versos Pinhas Bravas (1918).

Em 1919 emigra para Espanha e instala-se em Madrid, onde é funcionário bancário e, sobretudo, jornalista. Torna-se colaborador de vários jornais madrilenos e correspondente de O Comércio do Porto e do Diário de Notícias, ao mesmo tempo que escreve para revistas como Ilustração e Magazine Bertrand. Integra os círculos literários da capital espanhola e convive com Valle-Inclán, García Lorca, Unamuno, Pío Baroja, Díez-Canedo e Manuel Azaña, entre outros. Com a República, é nomeado diretor do Serviço de Imprensa Estrangeira na Presidência do Ministério e, depois, chefe do Serviço de Imprensa Espanhola; durante a guerra civil acompanha a retirada republicana até à fronteira francesa, prestando auxílio a refugiados portugueses e espanhóis.

Em 1940, após breve passagem por França e prisão no Aljube, é expulso de Portugal e segue para o Rio de Janeiro, onde dirige a Interamericana – serviço de propaganda dos Aliados – e ajuda a organizar o Serviço Francês de Informação, enquanto colabora no Diário de Notícias, Jornal e Diário Carioca. Em 1948 fixa-se em Paris como representante d’O Globo e de O Estado de S. Paulo, tornando-se um dos mais reputados comentadores de política internacional da imprensa brasileira e portuguesa. A partir da década de 1950, afirma-se igualmente como crítico e programador de cinema: integra júris em Cannes, Berlim e Locarno, preside à FIPRESCI e desempenha um papel decisivo na projeção internacional do cinema brasileiro e do novo cinema português, apoiando, entre outros, Manoel de Oliveira e os jovens realizadores dos anos 60.

Colaborador e antigo secretário-geral da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, tradutor atento das literaturas de língua espanhola, comentador de arte e de política, Novais Teixeira foi, ao longo de sete décadas, um “homem dos sete ofícios”: escritor, jornalista, ativista político, crítico literário e cinéfilo, programador cultural, comentador internacional e administrador. Morreu em Paris, em 1972, depois de uma vida passada entre Guimarães, Porto, Madrid, o Rio de Janeiro e a capital francesa. Em todas as paragens, apresentou-se como aquilo que sempre foi: um vimaranense que levou o nome da cidade às quatro partidas do mundo.

joaquim novais teixeira, nota biográfica
Percurso
  • 1899 (21 de abril) – Nasce em Guimarães, na Rua da Rainha; ali faz os estudos e conclui o curso dos liceus.

  • 1916 – Muda-se para o Porto, frequenta o Instituto Industrial e Comercial, funda o jornal literário A Luz e inicia colaboração em imprensa.

  • 1918 – Publica o livro de poesia Pinhas Bravas, a sua primeira obra conhecida.

  • 1919 – Emigra para Madrid; trabalha na banca e como jornalista, colaborando com jornais espanhóis e como correspondente de O Comércio do Porto e do Diário de Notícias; aproxima-se dos meios literários madrilenos.

  • Anos 1920–1930 – Integra os círculos republicanos espanhóis; amigo de Valle-Inclán, García Lorca, Unamuno, Pío Baroja e Manuel Azaña.

  • Início da década de 1930 – É diretor do Serviço de Imprensa Estrangeira na Presidência do Ministério e, depois, chefe do Serviço de Imprensa Espanhola; durante a guerra civil acompanha a retirada republicana até França.

  • 1940–1941 – Passa por França, é preso no Aljube ao regressar a Portugal e acaba expulso; em fevereiro de 1941 parte para o Brasil e fixa-se no Rio de Janeiro.

  • Década de 1940 – No Rio, dirige a Interamericana (serviço de propaganda dos Aliados) e ajuda a organizar o Serviço Francês de Informação; colabora no Diário de Notícias, Jornal e Diário Carioca.

  • 1948 – Regressa à Europa e estabelece-se em Paris, como representante de O Globo e O Estado de S. Paulo; torna-se comentador de política internacional e cronista da vida europeia.

  • Anos 1950–1960 – Colabora na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira; integra júris dos festivais de Cannes, Berlim e Locarno, preside à FIPRESCI e promove o cinema brasileiro e o novo cinema português junto da crítica internacional.

  • 1958 em diante – Volta periodicamente a Portugal; em Guimarães é homenageado como “vimaranense das quatro partidas do mundo” e autor da célebre declaração “Não, não sou português, sou mais do que isso, sou de Guimarães”.

  • 1972 – Morre em Paris, após mais de meio século de atividade jornalística, cultural e política entre a Península Ibérica, o Brasil e a Europa.

Joaquim Novais Teixeira nas Memórias de Araduca