António Lopes de Carvalho
mestre de todos os mesteres


Historiador local, etnógrafo e publicista
António Lopes de Carvalho nasceu em Guimarães, a 18 de julho de 1881, filho de Joaquim Lopes de Carvalho e de Teresa de Jesus.
Homem de letras e de cidade, repartiu a vida entre o jornalismo, a investigação histórica e o serviço cívico, ocupando vários cargos políticos e administrativos, entre os quais a presidência da Câmara Municipal de Guimarães. Foi também diretor do Jornal de Guimarães e integrou, durante anos, a direção da Sociedade Martins Sarmento, onde se afirmou como uma das vozes mais atentas à história e às tradições locais.
Desde cedo se interessou pelo passado da terra e pelas “coisas miúdas” do quotidiano – mesteres, ofícios, devoções, festas, falares –, que tratou com a minúcia de um investigador e o gosto narrativo de um cronista. Em 1923 publica o Roteiro de Guimarães, um dos primeiros guias turísticos modernos da cidade, já marcado pelo esforço de articular memória erudita e divulgação acessível.
A partir de meados da década de 1930 a sua obra ganha fôlego sistemático. Em Aljubarrota e Santa Maria de Guimarães (1936), liga a batalha fundadora ao culto da padroeira vimaranense; em Os Mesteres de Guimarães (1939–1951), monumental coleção em sete volumes, reconstitui, com base em arquivos e livros de contas, a história das corporações de ofício e do trabalho urbano, fazendo dessa obra uma referência incontornável para a história social e a etnografia económica do burgo.
O mesmo olhar etnográfico atravessa textos como O “S. Nicolau”. Tradições académicas de Guimarães (1943), onde enquadra as Festas Nicolinas no contexto europeu do culto de S. Nicolau, e Guimarães de tempos idos (1947), coleção de estudos sobre a fundação, instituições e paisagem urbana da cidade. Já em 1959, com Gil Vicente: Guimarães sua terra natal, intervém numa velha querela erudita, reivindicando para o “berço da nacionalidade” o berço do dramaturgo quinhentista.
Figura multifacetada da sociedade vimaranense do século XX – escritor, publicista, jornalista, historiador e etnógrafo – António Lopes de Carvalho deixou uma obra que continua a ser mina de informação para quem estuda a história, os ofícios e as tradições de Guimarães. Faleceu em 1961, reconhecido como um dos mais prolíficos investigadores da cidade.


A. l. de carvalho, nota biográfica
Percurso
1881 (18 de julho) – Nasce em Guimarães, filho de Joaquim Lopes de Carvalho e Teresa de Jesus.
Início do séc. XX – Inicia atividade como jornalista e publicista na imprensa vimaranense.
Décadas de 1910–1920 – Desempenha vários cargos políticos e administrativos em Guimarães, incluindo a presidência da Câmara Municipal; integra a Direção da Sociedade Martins Sarmento.
1923 – Publica Roteiro de Guimarães, um dos primeiros roteiros turísticos modernos da cidade.
1936 – Dá à estampa Aljubarrota e Santa Maria de Guimarães, ligando a batalha à devoção a Santa Maria da Oliveira.
1939–1951 – Publica os sete volumes de Os Mesteres de Guimarães, obra fundamental sobre ofícios, corporações e vida económica da cidade.
1943 – Edita O “S. Nicolau”. Tradições académicas de Guimarães (mais tarde O S. Nicolau dos Estudantes), estudo clássico sobre as Festas Nicolinas.
1947 – Publica Guimarães de tempos idos, conjunto de estudos sobre a história urbana e institucional do concelho.
1959 – Sai Gil Vicente: Guimarães sua terra natal, intervenção erudita na discussão sobre a origem do dramaturgo.
1961 – Morre António Lopes de Carvalho, sendo posteriormente lembrado na toponímia vimaranense e na historiografia local.






