Alberto Vieira Braga

o guardião das curiosidades de guimarães

Etnógrafo e historiador

Alberto Alves Vieira Braga nasceu em S. Paio, Guimarães, a 20 de março de 1892, filho do comerciante de fazendas António Alves Martins Pereira e de Teresa Maria Vieira. Mais tarde acrescentou ao seu nome o apelido do tio António José da Costa Braga, o célebre «mercador do Poço», ligando a sua identidade à velha casa comercial da Rua de Paio Galvão, na esquina do Toural, por cima da qual viria a viver. Cresceu entre panos e balcões, mas a curiosidade levou-o às palavras, aos costumes e às memórias do povo.

Autodidacta tenaz, começou a publicar em 1916 no semanário O Republicano, sob a tutela de Eduardo de Almeida. Em 1920 dá à estampa Provincianismos minhotos, glossário da linguagem popular. Em 1924 reúne em De Guimarães: Tradições e usanças populares um quadro da vida camponesa do concelho, percorrendo amores e casamentos, superstições, medicina popular, festas e medos de um mundo rural então ainda vivo. Aproxima-se da Sociedade Martins Sarmento, torna-se sócio em 1921 e colabora na Revista de Guimarães, onde publica “Vozes da sabedoria” e a “Escassa respiga lexicológica”, entre outros estudos.

A partir de 1927 empreende a obra da sua vida, As Curiosidades de Guimarães, série de ensaios que, ao longo de quatro décadas, ergue uma enciclopédia informal da história, das instituições e das tradições vimaranenses. Nelas entrecruza a investigação de arquivos com o sabor da fala popular, fixando maninhos e montarias, feiras e mercados, teatro e jornalismo, romarias, votos, cercos e clamores. Comerciantes e lavradores, estudantes e devotos, santos e demónios, todos ganham voz na sua escrita viva, que faz de Guimarães um microcosmo do Portugal tradicional. Até ao fim dos seus dias, em 5 de março de 1965, Alberto Vieira Braga manteve-se fiel ao curto trajecto diário entre a casa, a loja e a Sociedade Martins Sarmento, trabalhando silenciosamente para que a memória da sua terra não se perdesse.

Alberto vieira braga, nota biográfica
Percurso
  • 1892 (20 de março) – Nasce na freguesia de S. Paio, Guimarães, filho de António Alves Martins Pereira e de Teresa Maria Vieira.

  • 1910 – Integra o Sport Grupo 6, dedicado ao teatro amador, e inicia uma intensa vida associativa.

  • 1913 – Figura entre os membros do Grupo Foot-Ball Vimaranense e do Orfeon Vimaranense.

  • 1916 – Publica os primeiros artigos no semanário O Republicano, sob a influência de Eduardo de Almeida.

  • 1920 – Publica Provincianismos minhotos (subsídios lexicológicos), glossário da linguagem popular minhota.

  • 1921 – É admitido como sócio da Sociedade Martins Sarmento e estreia-se na Revista de Guimarães com “Vozes da Sabedoria” e “Escassa respiga lexicológica”.

  • 1923 – Entra na Direção da SMS; participa na fundação da Sociedade Mercantil do Minho, origem da futura Fábrica Cavalinho.

  • 1924 – Publica De Guimarães: Tradições e usanças populares e inicia colaboração no Diário de Notícias, divulgando acontecimentos vimaranenses.

  • 1927 – Inicia a série As Curiosidades de Guimarães com o estudo “Mulheres, jogo, festas e luxo”.

  • 1928 – Integra novamente a Direção da SMS e assume a direção da Revista de Guimarães, função que exercerá durante várias décadas.

  • 1943 – É nomeado sócio correspondente da Academia de Letras da Baía (Brasil).

  • 1944 – Constitui, com Albino Rebelo, a firma Braga & Rebelo, prolongando a tradição comercial da família.

  • 1953 – Publica Administração seiscentista do Município Vimaranense, obra fundamental sobre o municipalismo de Guimarães.

  • 1961–1962 – Conclui o grande ciclo das Curiosidades de Guimarães com estudos sobre povo, lavoura, costumes, folguedos e festas.

  • 1965 (5 de março) – Morre em Guimarães; é publicado postumamente o fascículo “Curandeiros. Sentenças. Romanceiros e modilhos populares”, último volume das Curiosidades de Guimarães.

Alberto Vieira Braga nas Memórias de Araduca