Abade de Tagilde
o Alexandre Herculano da história local de Guimarães.


Vimaranense, sacerdote, político e historiador
João Gomes de Oliveira Guimarães nasceu em 29 de dezembro de 1853, em Bugalhós de Baixo, freguesia de S. Vicente de Mascotelos, no seio de uma família de proprietários abastados. Rapaz de aldeia entre colegas de cidade, passou pelo Liceu de Coimbra e depois pelo Liceu de Braga, onde a sua origem rural lhe valeu a alcunha de “Santo Amaro”. Concluído o curso liceal, entrou no Seminário de Braga e foi ordenado padre em 1876.
Muito cedo percebeu que a vocação sacerdotal não esgotava o seu mundo. Autodidacta obstinado, mergulhou nos estudos de História, aprendendo paleografia, diplomática e epigrafia para poder ler, datar e interpretar os pergaminhos que guardavam a memória de Guimarães. Ligou-se ao círculo de Francisco Martins Sarmento e à recém-fundada Sociedade Martins Sarmento, onde se tornou um dos rostos do ressurgimento dos estudos de história local.
Em 1877 foi nomeado abade de S. Salvador de Tagilde, freguesia a que ficaria ligado toda a vida e cujo nome acabaria por adoptar. De Tagilde saiu para a política, como vereador e depois presidente da Câmara Municipal de Guimarães, nos últimos anos da Monarquia, mantendo sempre perfil austero e independente – “podia ter sido bispo, mas não quis”, lembraria mais tarde a tradição.
Historiador incansável, publicou centenas de páginas na Revista de Guimarães, em especial na série Apontamentos para a História de Guimarães, e várias monografias de culto local, como Guimarães e Santo António e Guimarães e Santa Maria: História do culto de Nossa Senhora do Concelho de Guimarães. O seu grande projecto foi o Vimaranis Monumenta Historica, tentativa de reunir e editar, de forma crítica, os documentos fundamentais da história do concelho, acompanhado de um vasto levantamento para monografar as 76 freguesias então existentes, das quais só Tagilde chegaria a ter monografia publicada em vida.
Figura maior dos estudos de história local de Guimarães, o Abade de Tagilde fez da paróquia um miradouro sobre o passado e o presente do concelho, articulando o púlpito, a escrita erudita e a intervenção cívica. Morreu na casa paroquial de Tagilde a 20 de abril de 1912, deixando inacabado o monumento erudito que o tornou referência obrigatória para quem se aventura pelos caminhos da memória vimaranense.


Abade de Tagilde, nota biográfica
Percurso
1853 (29 de dezembro) – Nasce em Bugalhós de Baixo, S. Vicente de Mascotelos, filho de Jacinto Gomes de Oliveira e Maria Alves de Abreu Pereira.
1867 – Transfere-se do Liceu de Coimbra para o Liceu de Braga, onde ganha a alcunha de “Santo Amaro”.
1872 – Conclui o curso liceal.
1873 – Matricula-se em Teologia no Seminário de Braga.
1876 – É ordenado presbítero.
1877 – É nomeado abade de S. Salvador de Tagilde, paróquia em que permanecerá até à morte.
Década de 1880 – Liga-se ao círculo de Francisco Martins Sarmento e à Sociedade Martins Sarmento; inicia colaboração regular na Revista de Guimarães.
1892 – É eleito sócio honorário da Sociedade Martins Sarmento.
1894 – Publica, na Revista de Guimarães, a Monografia de Tagilde.
1895 – Publica Guimarães e Santo António.
1902 – Publica Apontamentos para a História do Concelho de Guimarães.
1902–1904 – Exerce funções de vereador na Câmara Municipal de Guimarães.
1904 – Publica Guimarães e Santa Maria: História do culto de Nossa Senhora do Concelho de Guimarães.
1905–1907 – Preside à Câmara Municipal de Guimarães, nos últimos anos da Monarquia constitucional.
1908 – Dá à estampa os dois primeiros volumes do Vimaranis Monumenta Historica.
1912 (20 de abril) – Morre na casa paroquial de Tagilde. Um novo volume do Vimaranis Monumenta Historica será publicado postumamente em 1929.






