Avelino da Silva Guimarães
apóstolo do ensino profissional


Advogado, jornalista, fundador da Sociedade Martins Sarmento
Avelino da Silva Guimarães nasceu no Miradouro, então arrabaldes de Guimarães, a 30 de maio de 1841, filho de Joaquim José da Silva Guimarães, escrivão de direito nas comarcas de Basto e Porto, e de D. Custódia Constança de Gouveia e Silva. Feitas as primeiras letras em Guimarães, seguiu para o Porto e depois para Coimbra, onde se matriculou em Direito em 1861, concluindo o curso em 1866. Nesse mesmo ano casou com D. Maria da Glória de Sousa Bandeira, pianista talentosa que viria a compor o hino da futura Sociedade Martins Sarmento, e abriu banca de advogado na cidade natal.
No foro vimaranense afirmou-se rapidamente: inteligente e estudioso, eloquente, firme na argumentação, tornou-se advogado solicitado e respeitado. Mas o centro da sua vida pública acabou por ser a causa da instrução popular e do desenvolvimento económico. Em 20 de novembro de 1881 surge na primeira linha da fundação da Sociedade Martins Sarmento – ao lado de Avelino Germano, José da Cunha Sampaio, Domingos Leite de Castro e Domingos Ferreira Júnior – concebendo a instituição como instrumento de elevação das classes trabalhadoras através da escola, da biblioteca, do museu e da difusão da cultura técnica.
Foi o mais persistente agitador da causa do ensino profissional em Guimarães. Nas páginas da Revista de Guimarães publicou séries de estudos sobre as indústrias vimaranenses, denunciando os efeitos da “excessiva reforma liberal em detrimento da agrícola e industrial” e defendendo escolas adequadas às necessidades dos ofícios e fábricas locais. A ele se deve a proposta de criação de uma escola industrial em Guimarães, que acabaria por se concretizar em 1884 na Escola Industrial Francisco de Holanda, e a insistência na instalação de um liceu na cidade, mais tarde Liceu Martins Sarmento.
Bibliófilo apaixonado, foi Avelino quem propôs que a Sociedade adquirisse a livraria de Bento Cardoso para com ela lançar uma biblioteca pública “científica e literária, mas também industrial e agrícola”, projeto que antecipa em doze anos a criação formal da biblioteca da SMS. Em 1884 lançou ainda a ideia de um museu das indústrias de Guimarães, núcleo remoto do que viria a ser o Museu Industrial. Entre relatórios, conferências e artigos, desenhou um programa coerente: instrução popular, ensino técnico, biblioteca e museu ao serviço da regeneração económica do concelho.
Morreu a 18 de maio de 1901, na sua casa da Rua de Paio Galvão. Quase esquecido durante décadas, regressa hoje como figura-chave da geração que, em torno de 1884, pensou Guimarães como cidade de escolas, de indústria e de cultura.


Albano Belino, nota biográfica
Percurso
1841 (30 de maio) – Nasce no Miradouro, subúrbios de Guimarães, filho de Joaquim José da Silva Guimarães e de D. Custódia Constança de Gouveia e Silva.
1861 – Matricula-se no 1.º ano da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
1866 – Forma-se em Direito; casa com D. Maria da Glória de Sousa Bandeira e estabelece banca de advogado em Guimarães.
Década de 1870 – Afirma-se como jurisconsulto respeitado; começa a publicar artigos jurídicos e textos sobre instrução e economia em jornais e revistas.
1881 (20 de novembro) – É um dos cinco fundadores da Sociedade Martins Sarmento, vocacionada para a instrução popular e o progresso agrícola e industrial.
Anos 1880 – Lidera, na SMS, a defesa de uma escola industrial e de um liceu em Guimarães; intervém em comícios e reuniões públicas sobre o ensino.
1881–1890 – Publica na Revista de Guimarães as séries “Subsídios para a história das indústrias vimaranenses” e outros estudos sobre indústria, agricultura e instrução popular.
1884 – Lança a ideia de criar um museu das indústrias de Guimarães; mais tarde, o seu discurso será retomado na sessão de 1900 sobre o Museu Industrial.
Década de 1880 – Propõe que a SMS adquira a livraria de Bento Cardoso para fundar uma biblioteca pública científica, literária, industrial e agrícola.
1896 – Participa nas campanhas que levam à criação do Liceu de Guimarães (depois Liceu Martins Sarmento).
1901 (18 de maio) – Morre em Guimarães, na sua moradia da Rua Paio Galvão.






