Emídio Guerreiro

Guerreiro da liberdade

Professor, matemático, cidadão universal

Emídio da Silva Guerreiro nasceu na Rua de S. Dâmaso, em Oliveira do Castelo, Guimarães, a 6 de setembro de 1899, filho de António Guerreiro, 2.º sargento de infantaria, natural de Painzela, e de Maria de Oliveira, doméstica, natural da própria freguesia. Cresceu num ambiente modesto, mas cedo atraído pelas ideias da República. Ainda jovem, alista-se como voluntário na Primeira Guerra Mundial, experiência que reforça a recusa de todas as formas de autoritarismo.

Em 1927 licencia-se em Matemática pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde foi aluno de Gomes Teixeira, e inicia a carreira académica. Depois do golpe de 28 de Maio de 1926, envolve-se na oposição à Ditadura Militar; em 1928 funda, no Porto, a loja maçónica A Comuna, do Grande Oriente Lusitano. Admitido em 1931 como assistente extraordinário na Faculdade de Ciências, é afastado pouco depois por pressão da PVDE. Em 1932 é preso por um texto contra o marechal Óscar Carmona; evade-se em 1933, iniciando um exílio que durará mais de quarenta anos.

Em Espanha combate ao lado da República, na Guerra Civil, e, mais tarde, em França, integra a Resistência contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Terminada a guerra, fixa-se em Paris como professor de Matemática no liceu Janson-de-Sailly, onde ensinará até 1974. Simultaneamente, mantém uma atividade intensa de oposicionista: apoia Humberto Delgado, propõe-se liderar a oposição democrática após o assassínio do general, e em 1967 está entre os fundadores da LUAR (Liga de Unidade e Ação Revolucionária), grupo de luta armada contra o Estado Novo.

Depois do 25 de Abril, regressa a Portugal em maio de 1974. Participa na fundação do PPD, é secretário-geral do partido entre maio e setembro de 1975 e deputado à Assembleia Constituinte, mantendo sempre um discurso de exigência democrática e de defesa da dignidade humana. Em 1980 é feito Comendador da Ordem da Liberdade e, em 1999, elevado a Grã-Cruz da mesma ordem. Morreu em Guimarães, no lar que leva o seu nome, a 29 de junho de 2005, com 105 anos. A cidade lembra-o, com justiça, como “vimaranense e cidadão universal”, síntese de uma vida inteira gasta a lutar contra “todas as ditaduras” em nome da liberdade.

Emídio Guerreiro, nota biográfica
Percurso
  • 1899 (6 de setembro) – Nasce na Rua de S. Dâmaso, Oliveira do Castelo

  • 1914–1918 – Alista-se como voluntário na Primeira Guerra Mundial, sob a bandeira republicana.

  • 1927 – Licencia-se em Matemática na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

  • 1928 – Funda, no Porto, a loja maçónica A Comuna, do Grande Oriente Lusitano Unido.

  • 1931 – Admitido como assistente extraordinário na Faculdade de Ciências do Porto; afastado pouco depois por intervenção da PVDE.

  • 1932–1933 – Preso por escrito contra Óscar Carmona; evade-se e inicia longo exílio.

  • Anos 1930 – Combate ao lado da República na Guerra Civil de Espanha.

  • Anos 1940 – Integra a Resistência francesa contra o nazismo; permanece em França no pós-guerra.

  • c. 1945–1974 – Professor de Matemática no Lycée Janson-de-Sailly, em Paris.

  • 1967 – Participa na criação da LUAR (Liga de Unidade e Ação Revolucionária), em Paris.

  • 1974 (maio) – Regressa a Portugal após o 25 de Abril.

  • 1975 (maio–setembro) – Secretário-geral do PPD/PSD; deputado à Assembleia Constituinte.

  • 1980 (30 de junho) – Agraciado com o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.

  • 1999 (25 de agosto) – Elevado a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, ano em que comemora o centenário, celebrado no programa “100 anos de liberdade”.

  • 2005 (29 de junho) – Morre em Azurém, Guimarães, no lar com o seu nome, com 105 anos de idade.

Emídio Guerreiro nas Memórias de Araduca