Alfredo Pimenta
Guarda-mor da torre do tombo


Etnógrafo e historiador
Alfredo Augusto Lopes Pimenta nasceu a 3 de dezembro de 1882, na Casa de Penouços, em S. Mamede de Aldão, nas franjas de Guimarães, filho de pequenos proprietários rurais. Ainda criança passou por Braga, regressando depois à cidade-berço, onde foi aluno brilhante do Colégio de S. Nicolau e frequentador assíduo da biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, que mais tarde recordaria como decisiva na sua formação intelectual. Em 1899 partiu para Coimbra, licenciando-se em Direito e estreando-se quase em simultâneo como poeta e publicista, colaborando em jornais e revistas de matriz republicana e laicista.
Jornalista, professor, político e historiador, foi uma das figuras mais irreverentes da primeira metade do século XX português, conhecido pela tendência para o confronto de ideias e pela “não-linearidade doutrinária”. Começou próximo do anarquismo e do republicanismo, militou no Partido Republicano Evolucionista e foi deputado, antes de operar a viragem de 1915, quando abandona o campo republicano e adere ao monarquismo integralista. Converte-se ao catolicismo, funda a Acção Tradicionalista Portuguesa e a revista Acção Realista, afirmando-se como doutrinador monárquico. Mais tarde aproxima-se do salazarismo, elogia publicamente os regimes fascista e nazi e mantém com Oliveira Salazar uma intensa correspondência, sem abdicar, porém, de um estilo crítico e por vezes ferino. Esse «percurso político acidentado e polémico», como já notaste no blogue, contrasta com a solidez do historiador, que se afirmará sobretudo no estudo da Idade Média portuguesa.
A partir de 1913 integra os quadros da Torre do Tombo, onde chega a conservador e, em 1949, a diretor. Em 1931 organiza o Arquivo Municipal de Guimarães, que dirigirá gratuitamente até à morte, criando aí o Boletim de Trabalhos Históricos e fazendo do Arquivo um centro de investigação sobre a história local e regional. A sua bibliografia, com mais de cento e sessenta títulos, abrange ensaio político, crítica, poesia e, sobretudo, obras de história como Elementos de História de Portugal, D. João III, Subsídios para a História de Portugal, Fontes Medievais da História de Portugal e estudos sobre Guimarães, os forais medievais vimaranenses e o Livro dos Roubos. Interveio nos debates em torno do restauro do Paço dos Duques e teve papel relevante nas Festas Centenárias da Fundação de Portugal, em 1940, ajudando a projetar uma imagem erudita e militante da “cidade-berço”. Faleceu em Lisboa, a 15 de outubro de 1950, sendo sepultado na Capela da Madre de Deus, em Azurém; desde 1952, o arquivo que organizou guarda o seu nome e parte importante da memória escrita de Guimarães.
1882 (3 de dezembro) – Nasce na Casa de Penouços, freguesia de S. Mamede de Aldão, concelho de Guimarães.


alfredo pimenta, nota biográfica
Percurso
1884 (3 de fevereiro) – Nasce em Guimarães, na Rua de S. Dâmaso.
1900 – Parte para Coimbra para estudar Direito.
1902 – Publica com Alfredo Pimenta o folheto Burgo Podre.
1904 – Participa no protesto estudantil contra o conservadorismo da Universidade de Coimbra.
1905 – Licencia-se em Direito; publica o romance A Lama.
1906 – Inicia colaboração com a Revista de Guimarães.
1908 – Integra a Direção da Sociedade Martins Sarmento.
1909 – Transfere-se para o Porto e estabelece escritório de advocacia com Alfredo Pimenta.
1910 – Após a Implantação da República, torna-se o primeiro administrador republicano do concelho de Guimarães.
1911 – Eleito deputado à Assembleia Constituinte.
1914 – Assume o cargo de chefe de gabinete do Ministro das Finanças, Manuel Monteiro.
1915 – Regressa a Guimarães para gerir os negócios da família após a morte do pai.
1916–1917 – Redator principal do jornal O Republicano.
1921–1926 – Presidente da Direção da Sociedade Martins Sarmento; relança a Revista de Guimarães.
1929–1931 – Segundo mandato na presidência da SMS.
1931 – Diretor do jornal O Povo de Guimarães.
1945–1946 – Terceiro mandato como presidente da SMS.
1958 (6 de janeiro) – Falece em Guimarães. Sepultado no cemitério da Atouguia.
Historiador medievalista, poeta e doutrinador






