Conde de Margaride

Luís Cardoso Martins da Costa de Macedo

Político, Par do Reino

Luís Cardoso Martins da Costa de Macedo nasceu em Azurém, na Casa da Veiga, a 8 de janeiro de 1836, filho de Henrique Cardoso de Macedo e de Luísa Ludovina de Araújo Martins da Costa. Formado em Filosofia pela Universidade de Coimbra, onde concluiu o bacharelato em 1857, regressou a Guimarães como grande proprietário, herdeiro das casas da Veiga e de Margaride, que ligariam para sempre o seu nome à história económica e política do concelho.

Aos trinta anos casou com Ana Júlia Rebelo Cardoso de Meneses, consolidando alianças familiares que o projectavam nas elites nacionais. Em 1872 foi feito visconde de Margaride e, em 1877, conde do mesmo título; já antes recebera o foro de fidalgo cavaleiro da Casa Real. A partir de 1870 assume um papel central na vida pública: presidente da Câmara de Guimarães, governador civil de Braga (1871–1877) e depois do Porto (1878–1879), par do Reino a partir de 1881, com intervenções decisivas sobre ensino industrial, vias de comunicação e finanças públicas.

Na cena local, o conde de Margaride encarna o municipalismo combativo de finais de Oitocentos. Presidente da Câmara em vários mandatos, é protagonista do conflito com a Junta Geral de Braga que levará à emancipação administrativa de Guimarães em 1887, recusando, desde então, voltar à capital do distrito. Promove a construção do cemitério da Atouguia, defende a criação de um liceu (1896) e a instalação de uma escola industrial, intervém na defesa da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e assume responsabilidades na Santa Casa da Misericórdia e na Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos.

Figura de grande sociabilidade, foi amigo próximo de D. Luís e anfitrião régio na Casa do Carmo, onde sucessivos reis – de D. Luís a D. Manuel II – se hospedaram e jantaram, deixando atrás de si um curioso património de ementas e crónicas. Ligado a Camilo Castelo Branco e a Ana Plácido, editou em Guimarães Herança de lágrimas (1871) e mereceu das letras camilianas uma das mais saborosas crónicas satíricas sobre o célebre baile do seu aniversário. Quando morreu, a 30 de julho de 1919, na Casa do Carmo, a imprensa local descreveu-o como “um dos mais ilustres, generosos e beneméritos filhos” de Guimarães – fórmula justa para o político regenerador que fez do prestígio social um instrumento de serviço à cidade.

conde de margaride, nota biográfica
Percurso
  • 1836 (8 de janeiro) – Nasce em Guimarães, São Pedro de Azurém, Casa da Veiga, filho de Henrique Cardoso de Macedo e Luísa Ludovina de Araújo Martins da Costa.

  • 1857 (15 de julho) – Forma-se em Filosofia pela Universidade de Coimbra.

  • c. 1862 – Torna-se fidalgo cavaleiro da Casa Real por sucessão.

  • c. 1866 – Casa com Ana Júlia Rebelo Cardoso de Meneses.

  • 1870 – Presidente da Câmara Municipal de Guimarães; defende a criação de cemitério público, pondo em causa o enterro nas igrejas.

  • 1871 – Em Guimarães, edita na Tipografia do Vimaranense Herança de lágrimas, de Ana Plácido.

  • 1871–1877 – Governador civil do distrito de Braga.

  • 1872 (1 de agosto) – É criado visconde de Margaride por D. Luís.

  • 1874 – Nomeado conselheiro de Estado.

  • 1877 (4 de março) – Elevado a conde de Margaride.

  • 1878–1879 – Governador civil do distrito do Porto.

  • 1881–1882 – Nomeado par do Reino; toma assento na Câmara dos Pares.

  • 1883–1885 – Procurador de Guimarães à Junta Geral de Braga; o conflito em torno do curso complementar de Ciências desencadeia a “emancipação” administrativa de 1887.

  • 1887–1892 – Novos mandatos como presidente da Câmara de Guimarães; intervém na defesa da Colegiada da Oliveira e no lançamento de melhoramentos urbanos.

  • 1890 – Lei de conservação e reorganização da Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, em cuja causa se empenhara.

  • 1896 – Papel decisivo na criação do Liceu de Guimarães.

  • 1919 (30 de julho) – Morre na Casa do Carmo, em Guimarães, freguesia de Santa Maria de Oliveira do Castelo.

O Conde de Margaride nas Memórias de Araduca